A solução pode estar no celular que você tem nas mãos

A “internet das coisas” são todos os dispositivos conectados à grande rede e que, com a coleta e processamento de dados, pode contribuir para garantir um futuro mais sustentável para a humanidade

A cada ano, milhões de novos dispositivos são conectados à internet e, mais do que garantir uma conexão com a rede mundial de computadores, tais objetos estão coletando e processando dados que podem ser úteis a diversos campos, incluindo o da sustentabilidade. Diante de um cenário em que a tendência do surgimento de dispositivos conectados é irreversível, a chamada Internet das Coisas (IoT) tem muito a contribuir com práticas que possibilitem uma melhor utilização dos recursos, com menor impacto.

O professor da Faculdade de Engenharia da Computação e Telecomunicações do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) que possui estudos voltados para a área de Inteligência Artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT), Eduardo Cerqueira, explica que a internet das coisas são todos os objetos ou dispositivos que estão conectados à internet e que, de alguma forma, estão coletando dados e ou coletando, processando e agindo como atuadores.

São objetos que muitas vezes já fazem parte do cotidiano das pessoas, como é o caso, por exemplo, dos sensores, smartwatches, veículos, equipamentos que estão nas fábricas, equipamentos que estão em hospitais coletando dados, entre outros. “A internet das coisas já está presente no nosso dia a dia. Quando nós usamos o nosso smartphone, inclusive, nós estamos coletando, transmitindo e recebendo dados. Quando nós usamos smartwatches, quando a gente anda num veículo esse veículo já está coletando dados para fazer algum tipo de processamento, quando a gente chega, por exemplo, para fazer um exame médico vários aparelhos médicos já coletam informação”, exemplifica o professor, que também é vice-coordenador nacional do INCT Redes de Comunicação e Internet das Coisas Inteligentes (ICoNIoT). “Esses objetos estão conectados através de diferentes tecnologias de comunicação, algumas são mais específicas, dependendo de cada dispositivo. Tem dispositivo que tem pouco poder de processamento, restrição de energia, comunicação”.

Eduardo Cerqueira explica que essa grande quantidade de dados gerados pela internet das coisas, inclusive, são os dados que a inteligência artificial utiliza nos seus modelos, nos seus algoritmos para poder gerar aplicações de IA. Neste sentido, ao gerar esses dados, o professor destaca que essas tecnologias apresentam um papel fundamental para a promoção de práticas mais sustentáveis.

“Eu acredito que a internet das coisas, assim como a inteligência artificial e a rede de comunicação são essenciais para a sustentabilidade. Eu não vejo como conseguir atingir o potencial máximo dos ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável) definidos pela ONU sem a ajuda de dados que são coletados através de dispositivos IoT, que são transmitidos por redes de comunicação e que são tratados e gerados conhecimentos através da Inteligência Artificial”.

Quando à serviço da sustentabilidade, tais dispositivos podem ser úteis, por exemplo, para a agricultura de precisão, para a otimização de Sistemas Agroflorestais, possibilitando definir com maior precisão que espécies são mais adequadas, simular o impacto e como aquele sistema pode se desenvolver. “Eu acredito que em todas as áreas a internet das coisas, as redes de comunicação e a inteligência artificial irão atuar. Na área da sustentabilidade eu acredito, inclusive, que é só através dessas três tecnologias integradas que a gente consegue, de fato, avançar. A nível ambiental, toda a fauna e a flora podem ser monitoradas e a gente consegue, com base em dados e informação, gerar conhecimento baseado na inteligência artificial para que consiga melhorar a produtividade, reduzir o impacto ambiental”, pontua.

“A nível da agricultura de precisão, dispositivos de baixo custo com internet das coisas associadas com técnicas de inteligência artificial podem ajudar o pequeno produtor a se desenvolver, a ter mais competitividade e assertividade; na parte da logística pode contribuir com o transporte desses insumos gerando menos poluição, sendo mais rápido, mais eficiente, com menos desperdício. Na questão dos veículos autônomos, onde a gente vai ter também todo esse cuidado de como o “robô” vai dirigir veículos para que poluam menos, para que desgaste menos as peças, para que tenha uma maior sustentabilidade global”.

 

Texto extraído da notícia A solução pode estar no celular que você tem nas mãos 

Fonte: Jornal Diário do Pará.